Antes de ser fragmento, fui cidade. Antes de ser cidade, areia.
Mas antes de tudo, a sabedoria de algum desejo alheio.
A dissonância entre a cidade e o homem, e entre a realidade e a utopia dos espaços urbanos, é a grande questão que move o cubano Carlos Garaicoa em sua viagem criativa. De urbe em urbe, desconstruindo-as e extraindo delas suas essências, Carlos Garaicoa expressa em sua arte a procura universal e incansável pelo palco ideal da existência humana. Com um total de 22 obras, entre instalações, vídeos, fotografias, maquetes e desenhos, a mostra percorre diferentes momentos da carreira do artista, bem paradigmáticos, desde seus primeiros ensaios para entender a cidade de Havana até a universalização desse olhar. Além disso, duas obras foram criadas especialmente para a mostra: ‘Noticias recentes’ e ‘De como a minha biblioteca brasileira se alimenta de fragmentos de uma realidade concreta’. Para o artista, toda matéria é válida como suporte de ideia, e isso aparece na pluralidade de mídias com que ele trabalha: a foto, o vídeo, a pedra, a linha, o prego, o vidro, a mesa, o papel, o arame, a luz, o livro, a bala, a água, o homem e a sua criação, a palavra. Uma exposição impecável esteticamente, que oferece ao público fluidez na leitura das obras e possibilita uma imersão no processo criativo do artista, incorporando metalinguisticamente as áreas da exposição aos elementos tecnológicos e estéticos dessa reflexão sobre o espaço e a cidade. Reconhecido por importantes instituições e colecionadores, com obras significativas em museus como Centre George Pompidou, Tate Modern e Reina Sofia, Carlos Garaicoa já realizou mais de 50 exposições internacionais nos últimos anos e é um dos mais importantes artistas da cena cubana contemporânea.
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