A exposição Tesouros Ancestrais do Peru é composta por 162 peças em cerâmica, cobre, ouro, prata e têxteis, que permitem uma viagem pelas antigas civilizações andinas até a cristalização do Império Inca.
Reconhecido como patrimônio pelo Ministério da Cultura do Peru, o conjunto raro de objetos descobertos em diversas expedições arqueológicas pertence à Fundação Mujica Gallo e faz parte do catálogo do Museo Oro del Perú y Armas del Mundo. Com curadoria de Patricia Arana e Rodolfo de Athayde, a mostra foi dividida em cinco blocos temáticos – Linha do tempo, Mineração, Divindades e Rituais, Cerâmica e Têxteis e Colonização – e apresentou ao público um dos mais importantes acervos da história das civilizações.
Essa exposição estimula um importante debate sobre a memória latino-americana e seus processos de colonização. Uma oportunidade tanto de conferir a complexidade de técnicas e saberes de civilizações que habitaram a região quanto de reconhecer o apagamento do legado desses povos em decorrência da ação de colonizadores.
As peças em exibição foram produzidas entre 900 a.C e 1600 d.C. Traços culturais dos povos andinos são revelados em utensílios como depiladores, bolsas, penachos, máscaras funerárias e coroas feitas de ouro. Há também blocos dedicados à cerâmica e aos objetos têxteis, como jaquetas, gorros e sapatos. No catálogo estão ainda cinco Tumis, espécies de facas ornamentais usadas durante cerimônias de sacrifícios de animais e, em casos excepcionais, de humanos.
“O desenvolvimento de todas essas culturas revela um acúmulo histórico notável de conhecimentos e a maestria em diversas técnicas e ofícios, refletidos na elegância e complexidade das peças apresentadas. A habilidade na mineração e na confecção de objetos feitos de ouro, prata, cobre e outros minerais atinge um nível de sofisticação excepcional, mesmo nas civilizações mais antigas”, explicam os curadores.
Se destaca ainda que essas sociedades não faziam uso do dinheiro como instrumento de intercâmbio econômico, em contraste com a valorização do ouro e da prata acumuladas como reservas de capital pelos europeus.
Cada bloco temático da exposição reúne uma série de representações e painéis informativos que permitem entender com maior profundidade os conteúdos das salas expositivas.
As peças da exposição são raras em diversos sentidos. Quase tudo o que havia em território inca foi destruído, roubado ou derretido. Posteriormente, também foi saqueado por assaltantes de monumentos arqueológicos, conhecidos no Peru como huaqueiros, que reviraram tumbas e centros cerimoniais em busca de peças a serem vendidas ilegalmente a colecionadores.
A mostra é complementada por intervenções de artistas contemporâneos, os peruanos Iván Sikic e Alexandra Grau e a brasileira Bete Esteves.
A obra de Iván Sikic, “Saqueo” (Pilhagem), toma como referência diferentes momentos da história em que a extração compulsiva do ouro gerou um significativo impacto cultural ou ecológico, em uma instalação que questiona o legado colonial e os efeitos da mineração ilegal do ouro até à atualidade. Alexandra Grau assina a obra do espaço da rotunda com enormes recriações de quipus coloridos, que aludem a esses instrumentos de registros e contabilidade dos Incas. Os diferentes nós feitos nas cordas criam uma linguagem que guarda a história dessa cultura. O videoarte de Bete Esteves e Beth Franco utiliza imagens das técnicas de mineração e trabalho nos metais para criar uma relação com os métodos violentos narrados pelos protagonistas. Essas inserções de arte contemporânea propõem um olhar que amplia a leitura do acervo da exposição em uma visão crítica e reflexiva sobre a representatividade das peças.
Rio de Janeiro 11.10.23 a 05.02.24 Centro Cultural Banco do Brasil
Belo Horizonte 27.02.24 a 06.05.24 Centro Cultural Banco do Brasil
Brasília 27.05.24 a 11.08.24 Centro Cultural Banco do Brasil
São Paulo 03.09.24 a 18.11.24 Centro Cultural Banco do Brasil